sábado, 13 de setembro de 2008

Matanza - Ao Vivo no Hangar 110

A paulada já começa no combo inicial, quando o quarteto não dá tempo para você respirar e emenda, na seqüência, “Meio Psicopata”, “Interceptor V-6”, “Ressaca sem Fim” e a fantástica (e mórbida) letra de “Mesa de Saloon”. E não pára um segundo em músicas como “Maldito Hippie Sujo”, “Matarei”, “Eu não Gosto de Ninguém” e a quase cinematográfica “E Tudo Vai Ficar Pior”.

Há músicas que ficam ainda mais interessantes nestas versões ao vivo. “Todo Ódio da Vingança de Jack Buffalo Head”, por exemplo, uma de suas canções mais pesadas, velozes e viscerais, fica mais encorpada com a bateria mais acelerada e Donida tratando de dar ares mais cortantes ao seu principal riff. E a politicamente incorreta “Bom é Quando Faz Mal” só se faz realmente completa com a introdução feita por Jimmy, emulando um velhote reclamão que pediria aos jovens presentes para trazerem seus respectivos “casaquinhos” – para deixar soltar o vozeirão rouco mandando a vovózinha pentelha ir tomar... ah, você sabe onde.

Aliás, há quem reclame da postura do vocalista, um gigante ruivo e barbado que, dizem alguns, teria incorporado o estereótipo típico dos protagonistas das músicas do Matanza, tornando-se personagem de si mesmo. Seja descrevendo seu próprio funeral antes de iniciar “O Chamado do Bar” (aquela do refrão catártico: “a minha vida é minha / e a sua que se foda”). Seja fingindo não agüentar mais cantar o hino absoluto “Pé na Porta e Soco na Cara”, apenas para contar com a poderosa participação da platéia. Seja provocando o público ao dizer que não se lembra direito da letra de “Santa Madre Cassino”, sucesso de seu homônimo disco inaugural e que, por isso, nem vai arriscar cantar a dita cuja. Se ele está encenando ou se ele é assim mesmo, pouco importa. Porque, assim como Lemmy é a cara do Motörhead, Jimmy é inegavelmente a fuça mal-encarada do Matanza. E a gente gosta dele assim mesmo.

O momento histórico da bolacha, no entanto, é mesmo a excelente idéia de juntar, praticamente numa música só, três das mais divertidas canções etílicas do grupo: “Rio de Whisky”, “Quando Bebe Desse Jeito” e “Bebe, Arrota e Peida” são a combinação perfeita para encher a cara. E isso vindo de alguém que não bebe deve significar muito, não? Ainda bem que depois de ouvir um disco como este, a gente não precisa passar pelo bafômetro...

“MTV Apresenta Matanza” traz o melhor de uma banda em sua melhor forma. É um verdadeiro best of no formato que o Matanza mais domina. Imperdível para os iniciados, ideal para quem quer começar a conhecer o trabalho dos caras – que continuam bons, velhos e fedorentos. Um oásis de fúria neste mar de baladinhas roqueiras que infestam as rádios. Escute alto. Muito alto. Mesmo. Se seus ouvidos começarem a zumbir, você entendeu.

Tracklist:
1. Intro
2. Meio Psicopata
3. Interceptor V-6
4. Ressaca Sem Fim
5. Mesa de Saloon
6. O Chamado do Bar
7. Maldito Hippie Sujo
8. O Último Bar
9. Tempo Ruim
10. E Tudo Vai Ficar Pior
11. Pé na Porta, Soco na Cara
12. Santa Madre Cassino
13. Matarei
14. Clube dos Canalhas
15. Imbecil
16. Todo Ódio da Vingança de Jack Buffalo Head
17. Eu Não Gosto de Ninguém
18. Rio de Whisky / Quando Bebe Desse Jeito / Bebe, Arrota e Peida
19. Bom é Quando Faz Mal
20. A Arte do Insulto
21. As Melhores Putas do Alabama
22. Ela Roubou Meu Caminhão
23. Whisky Para um Condenado / Eu Não Bebo Mais
24. Estamos Todos Bêbados / Interceptor V-6


Fonte: www.whiplash.net

Nenhum comentário: